Uma análise psicológica da relação Produtores/Distribuidores no que respeita às marcas dos Distribuidores. Mais um dos meus artigos publicados no site da DH.
1. NEGAÇÃO
No principio era a marca e apenas a marca, associada unicamente aos seus fabricantes. Com um estatuto único e imperial eram insubstituíveis nos lineares e incontornáveis nas preferências dos consumidores. Quando começaram a surgir as primeiras e tímidas ofertas de marcas de distribuidor, do alto do seu estatuto, as marcas não atribuíram qualquer importância a esses novos mas pobres concorrentes. Pensando tratar-se de mais uma ideia peregrina dos distribuidores que os consumidores iriam naturalmente desprezar, fizeram de conta que não existiam.
2. RAIVA
Aconteceu, porém, que os consumidores, passado um primeiro período de surpresa, começaram a ganhar confiança, a comprar e a consumir também as MdD, primeiro apenas em algumas categorias e depois de forma mais generalizada. A reacção dos fabricantes surgiu então sob a forma de combate às MdD através da recusa dos fabricantes mais importantes em as produzir e de campanhas mediáticas com o objectivo de as desvalorizar perante os olhos dos consumidores, designando-as depreciativamente por marcas brancas.
3. NEGOCIAÇÃO
Mas os consumidores não foram na conversa e não só continuaram a experimentar as MdD, como em algumas categorias, lhes deram uma nítida preferência de compra face às clássicas e originais MdF. Procuraram então os fabricantes sensibilizar os consumidores para os factores de inovação e qualidade das suas marcas, denunciar junto dos poderes públicos o excessivo grau de concentração alegadamente existente no sector da distribuição e apelar aos distribuidores para a necessidade de existir uma efectiva e justa concorrência com condições iguais para todos.
4. DEPRESSÃO
Mas por mais que fizessem ou dissessem os fabricantes e as suas organizações de classe, a quota de mercado das MdD continuava imparávelmente a crescer mês após mês e ano após ano em todos os países europeus. Na Suíça, Alemanha e Reino Unido já era superior a 50% e nos outros países para lá caminhava em passos largos. Por outro lado, as MdD eram cada vez mais inovadoras, lançando novos produtos e obrigando, ironia das ironias, as MdF a copiá-las. A profecia de Kotler de que no futuro existiriam duas ou três marcas de industriais e todas as restantes seriam marcas de distribuidores começava não só a parecer ser verdade como a tornar-se mesmo realidade.
5. ACEITAÇÃO
Constatando que não podiam vencer as MdD a solução inteligente dos fabricantes foi a de se juntarem aos distribuidores e em conjunto trabalharem para satisfazerem as necessidades dos consumidores através de produtos mais acessíveis, mais baratos e
de melhor qualidade.
de melhor qualidade.
(Este texto é pura ficção. Qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência)